O Brasil, atualmente é considerado o maior consumidor mundial de agrotóxicos e se tornou agente por grandes prejuízos à saúde do indivíduo que os manuseiam e daqueles que os consomem, além de gerar malefícios ao meio ambiente. A crise socioambiental resultante se apresenta contemporaneamente na superexploração da natureza baseada numa lógica político-jurídica dominante e excludente. Esse tipo de agricultura acarreta vários problemas de ordem econômica, ambiental e social, inclusive impactando a saúde pública, a integridade dos ecossistemas, a qualidade e a segurança alimentar e, frequentemente, a destruição da vida no campo e dos saberes tradicionais (ALTIERI, 2010).
A implementação de um sistema alimentar que promova o acesso pleno e o consumo de alimentos adequados e saudáveis requer medidas e políticas públicas protetivas para, por exemplo, proibir a comercialização e o uso de agrotóxicos extremamente nocivos à saúde das pessoas e do ambiente, reduzir progressivamente o uso de todos os tipos de agrotóxicos e fomentar a agroecologia, assim garantindo uma alimentação saudável e a integridade psicofisiológica das pessoas.
Considerando a premissa acima, existem políticas públicas, incentivos e ações indutoras da transição dessa agricultura convencional para a produção orgânica e agroecológica, podemos citar: 1) Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica; Política Estadual de Agroecologia e Produção Orgânica de Santa Catarina (PEAPO); Lei nº 10.392, que dispõe sobre a Política Municipal de Agroecologia e Produção Orgânica de Florianópolis (PMAPO).
A agricultura urbana pode ser definida como “produção e beneficiamento, de forma segura, de produtos agrícolas e pecuários”. Produção esta que é destinada tanto para o autoconsumo quanto pode ser doada ou comercializada, e para que seja produzida são (re)aproveitados recursos e insumos locais de forma eficiente e sustentável (F.A.O., 2007).
Sua prática é sustentada no espaço urbano em quintais, lotes vagos, áreas verdes, vazios urbanos, áreas institucionais e através do uso de tecnologias adequadas em torno de processos participativos que promovam a gestão territorial, social e ambiental das cidades. “As iniciativas de agricultura urbana devem pautar-se pelo respeito aos saberes e conhecimentos locais e pela promoção da equidade de gênero, contribuindo, assim, para a melhoria da qualidade de vida da população” (Agricultura Urbana: Belo Horizonte Cultivando o Futuro, 2008:11).
Já a agroecologia constitui um sistema que preserva a natureza e a cultura, oportunizando o resgate e a valorização de práticas tradicionais, nutricionais e alimentares sustentáveis. Seus múltiplos benefícios vão além da sustentabilidade ambiental e econômica, fortalecendo a saúde pública por inteiro.
Dentro deste cenário, a implantação de hortas urbanas é uma das atividades mais empregadas nos sistemas agroecológicos, que podem ser entendidas como um conjunto de boas práticas de produção de alimentos de origem vegetal, usualmente efetivados em pequenos espaços, contribuindo para a soberania e segurança alimentar e nutricional e para a renda dos produtores.
São funções ou funcionalidades da agricultura urbana: servir para auto abastecimento, venda direta para a vizinhança, terapia ocupacional, desempenhar atos de convívio comunitário, embelezamento, reciclagem, terapêutico, manutenção das raízes rurais, ressignificação de culturas agroalimentares, garantia do direito à alimentação adequada, discutir o direito à cidade, refletir sobre a função social da propriedade, modelo de ocupação do território, geração de trabalho e renda.
Pensando nisso, o Projeto de Extensão Educação para Transformação, através da página do Facebook do Projeto, irá realizar uma conferência virtual, Ao Vivo, para dialogar sobre a temática.
ALTIERI, M. A.. Agroecologia, agricultura camponesa e soberania alimentar. Revista Nera, Presidente Prudente, v. 16, n. 13, p.22-32, jan. 2010.
Agricultura Urbana: Belo Horizonte Cultivando o Futuro. PBH, REDE. LARA, A.C.F.; ALMEIDA, D. Belo Horizonte: Rede de Intercâmbio de Tecnologias Alternativas, 2008. 36p.
BRASIL. Projeto de Lei nº 17.538, de 11 de junho de 2018. Institui e define como zona livre de agrotóxicos a produção agrícola, pecuária, extrativista e as práticas de manejo dos recursos naturais no município de Florianópolis-SC. Florianópolis/SC,
Objetivo
OBJETIVO GERAL
Proporcionar através das vivencias virtuais conhecimento, discussões e trocas de saberes, que incentivem a agricultura urbana e a promoção de Políticas Públicas.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Promover debates interinstitucionais que encorajem e consolidem a produção e consumo sustentáveis e discussões interdisciplinares para construção de políticas públicas municipais voltadas para compostagem, segurança e soberania alimentar e agricultura sustentável.
- Fortalecer o envolvimento multidisciplinar e interinstitucional entre: acadêmicos, gestores e comunidade para a transição agroecológica e a multiplicação dos saberes;
- Despertar o interesse em debates e ações que incentivam os valores e atitudes para a transição agroecológica e educação popular em saúde na região;
- Sensibilizar os participantes sobre a possibilidade de implementar a agricultura urbana em seu território e garantir a segurança alimentar e a saúde.
Programação
CONFERÊNCIA VIRTUAL - AGRICULTURA URBANA E POLÍTICAS PÚBLICAS; DESAFIOS E POSSIBILIDADES A PARTIR DO QUE TEMOS.
Data: 18/06/2020 – Quinta-feira;
Horário: Início as 20h;
Temática: Agricultura urbana e Políticas Públicas;
Moderadores:
Dra. Márcia Gilmara Marian Vieira;
MSc. Oscar Benigno Iza.
Convidados:
MSc. Christianne Belinzoni de Carvalho;
Dra. Juliana Torquato Luiz;
Dra. Larissa Maas;
MSc. Marcos José de Abreu.
Local: Devido a pandemia, a conferência será realizada de forma virtual e transmitida ao vivo na rede social Facebook, através da página do Projeto de Extensão Educação para Transformação: Meio ambiente e Saúde.
Link: https://www.facebook.com/educacaoparatransformacao/.
• O cronograma pode sofrer alterações devido a condições/oscilações de sinais de comunicação a distância adversas, porém, será comunicado com aviso prévio aos participantes sempre que for possível.
Ministrantes
Dra. Professora Márcia Gilmara Marian Vieira, Coordenadora do projeto de extensão, graduada como Bacharel em Química pela Fundação Universidade Regional de Blumenau (1994), mestre em Química Orgânica pela Universidade Federal de Santa Catarina (1996) e doutora em Química Orgânica pela Universidade Federal de Santa Catarina (2008). É professora da disciplina de Impacto Ambiental e Projetos Comunitários de Extensão Universitária na Universidade do Vale do Itajaí. Tem experiência na área de Química, com ênfase em Química Ambiental. No curso de Ciências Biológicas, atua na linha de pesquisa Saúde da Família na Perspectiva Interdisciplinar com foco no Meio Ambiente, Qualidade de Vida, Bem-Estar, Agroecologia. Atualmente, é coordenadora do Projeto de Extensão Educação para Transformação: Meio Ambiente e Saúde, cujo objetivo é promover educação popular em saúde, meio ambiente, e relações de gênero para o desenvolvimento social, econômico e ambiental da agricultura familiar estimulando a participação cidadã como estratégia de mudança e autonomia. Atualmente está realizando o curso de Pós-doutorado em Agroecologia e Paisagismo, com o projeto intitulado: “Agroecologia e Paisagismo: Abordagem Teórica e Metodológica para o Desenvolvimento das Novas Ruralidades” na Instituição da Universidade Passo Fundo (UPF), Programa de Pós-Graduação em Agronomia (PPGAgro), Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, sob a supervisão da Dra. Cláudia Petry. O objetivo principal da pesquisa será consolidar a compreensão sobre Agroecologia e o Paisagismo, agregando conhecimentos sobre o processo de transição para a produção orgânica, conhecer as ruralidades, analisar práticas tradicionais de manejo da paisagem e identificar potenciais paisagísticos integrando-os ao referencial teórico e metodológico dos estudos de extensão e comunicação rural. No ano de 2020, iniciou no Curso de Especialização em Permacultura da UFSC. O programa do curso conta com um total de 12 disciplinas teórico-práticas, denominadas módulos. Além do tempo destinado às aulas teóricas, estão previstas 3 práticas de campo e tempo de vivência compartilhada com os participantes.
MSc. Oscar Benigno Iza, Possui Graduação em Licenciatura em Geografia pela Universidade do Vale do Itajaí (1995) e Mestrado em Biologia Vegetal, Área de Concentração Ecologia Vegetal (2002), além de possuir grande conhecimento da área de agroecologia. Atualmente é Curador Herbário Lyman Smith e Professor de Morfologia e Sistemática de Fanerógamas e Botânica Econômica (UNIVALI). Obteve a Licenciatura em Ciências Biológicas no Centro Universitário Leonardo da Vinci (2012). Tem experiência na área de Botânica, com ênfase em Vegetais Superiores, atuando principalmente nos seguintes temas: Florística, Ecologia, Conservação, Botânica Econômica e Economia Ambiental.de sistemas agroflorestais.
MSc. Christianne Belinzoni de Carvalho, Possui graduação em Engenheira Agrônoma, com especialisação em Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável, é Mestre em Agroecossistemas, pela Universidade Federal de Santa Catarina. Em 1998 até 2010, atuou na assistência técnica e extensão rural (ATER) para Agricultores Familares, em 2010 até 2016 foi consultora do Programa das Nações Unidas (PNUD) na Secretaria da Agricultura Familiar – MDA, e em 2017 até 2020 atou como Diretora de Agricultura da Prefeitura Municipal de Itajaí;
Dra. Larissa Maas, Engenheira química e de segurança do trabalho, mestra em saúde e gestão do trabalho e doutora em ergonomia. Professora do IFC Campus Rio do Sul na área de segurança e saúde do trabalhador, atuando na linha de pesquisa de segurança do trabalhador da agricultura urbana orgânica.
Dra. Juliana Torquato Luiz, socióloga, ativista, pesquisadora, faço parte da CAPINA - Cooperação e apoio a projetos de inspiração alternativa; estudante PHD do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Integrante de grupos de trabalho de políticas públicas, de articulações de agroecologia e agricultura urbana da sociedade civil;
MSc. Marcos José de Abreu, o Marquito, é natural de Florianópolis, Engenheiro Agrônomo e pós-graduado em Agroecossistemas com título de Mestrado pela Universidade Federal de Santa Catarina. Referência na cidade e no Brasil em Compostagem, Agricultura Urbana, Permacultura, Agroecologia e Alimentação. Uma trajetória de coerência entre a prática cotidiana e uma proposta de sociedade mais igualitária, fraterna e equilibrada ecologicamente.
Informações Adicionais
Data: 18/06/2020
Horário: 20:00 – 22:00
Local: EAD (Educação a distância) AMBIENTE VIRTUAL
Valor: Isento
Mais Informações
Responsável: Marcia Gilmara Marian Vieira
E-mail: mmarian@univali.br
Telefone: (48) 99619-0214