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Capacidade de carga física, social e ambiental de município turístico catarinense é tema de pesquisa na Univali

Estudo teve nove anos de duração e envolveu mais de 25 pesquisadores


por Roberta Ramos | 16/05/2024

A tese de doutorado do professor e pesquisador Marcus Polette, defendida em 1997, foi a base de uma pesquisa que buscou analisar a capacidade de carga física, social e ambiental do município de Bombinhas, no litoral de Santa Catarina, entre os anos de 2014 e 2023.

O estudo, que envolveu mais de 25 pesquisadores, é o tema do nono episódio do projeto Minuto da Ciência, conteúdo multiplataforma produzido pela Gerência de Marketing e Comunicação junto à Vice-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão da Universidade do Vale do Itajaí (Univali).

Marcus - Foto Dales Hoeckesfeld  (3).jpg​#PraTodosVerem Imagem mostra homem com camisa azul sorrindo para a foto. No lado esquerdo está escrito Minuto da Ciência - episódio 9, o nome da pesquisadora e da pesquisa. 

A pesquisa Capacidade de carga física, social e ambiental para a península de Porto Belo - município de Bombinhas buscou entender a comunidade local por meio de um método de gestão costeira integrada em que foram avaliados fatores como disponibilidade de água, energia, resíduos, esgoto, balneabilidade, demografia, segurança e número de usuários das praias.

O estudo iniciou com a instalação de uma câmera de monitoramento na entrada da cidade para avaliar o fluxo de veículos nas diferentes épocas do ano. A partir da contagem dos carros foi possível identificar as características do fenômeno de veraneio e os impactos da movimentação de pessoas tanto no ambiente quanto na qualidade de vida da população local. O pesquisador Marcus Polette explica que o estudo foi pioneiro e que o fato de a cidade estar situada dentro de uma península foi fundamental para alcançar o resultado.

“Uma das primeiras questões que nós conseguimos identificar foi o fenômeno do veraneio, movimento típico dos municípios que adotam o turismo de sol, praia e mar como fonte econômica e que exerce um papel essencial para o desenvolvimento desses municípios costeiros. São cerca de seis meses em que há incremento populacional incrível dentro dos municípios costeiros. Ao controlar a entrada e a saída de veículos foi possível entender os pulsos populacionais e os seus impactos, principalmente, no que tange à demografia", explica Polette.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a população residente de Bombinhas, em 2022, era de 25.058 habitantes. A pesquisa mostra que esse número chega a sextuplicar durante os meses de veraneio com o incremento da população de segunda residência, turistas e excursionistas. Por meio da análise do tráfego de veículos foi possível identificar o aumento do número de construções ao longo dos anos e como isso impactou na mobilidade, na produção de resíduos e na qualidade da água do mar. 

Marcus - Foto Dales Hoeckesfeld  (1).jpg​Foto Dales Hoeckesfeld #PraTodosVerem Imagem mostra um homem de costas com a mão no teclado de um notebook. ​

O estudo aponta ainda que, em razão do crescimento populacional, a capacidade de carga física da praia também é extrapolada, diminuindo a área ideal de dez metros quadrados de praia por usuário para três metros. “Essa pesquisa serve de base para outros lugares do Brasil, pois mostra o quanto é necessário entender os limites de capacidade de carga física e ambiental. Depois de comprovados os impactos do crescimento, nós buscamos compreender por meio de questionários como a população fixa e flutuante percebia essas mudanças e os sinais de capacidade extrapolada. O mundo todo vem sentindo os reflexos das mudanças climáticas e, logicamente, uma das formas de nos adaptarmos a essa nova situação é entender a estrutura, o funcionamento do território e a importância de respeitar a capacidade dos lugares", comenta.

O professor destaca que praticamente 40% da população mundial vive a até 100 quilômetros da linha de costa e a tendência é que isso ocorra de forma ainda mais intensa nos próximos anos. Os indicadores da pesquisa mostram também que a capacidade de resiliência dos municípios costeiros é modificada depois dos meses de verão.

“Os impactos do veraneio alteram a capacidade do ambiente de voltar ao seu estado original e isso preocupa porque as regiões litorâneas registram um incremento populacional cada vez maior. O processo migratório em razão do clima já existe e a tendência é que seja ainda mais acentuado. Neste sentido, as pesquisas servem para nos mostrar esses movimentos e identificar se os territórios dos municípios costeiros têm capacidade de receber esse aumento populacional. As pesquisas dessa natureza são essenciais na busca por estratégias mais seguras para a população no futuro. Nós vivemos em uma sociedade muito estratificada onde as soluções têm que ser inovadoras, criativas e aplicáveis para que as pessoas perceberem que o mundo delas pode ser melhor por meio da ciência", finaliza o pesquisador.

Ao longo dos últimos nove anos, a pesquisa Capacidade de carga física, social e ambiental para a península de Porto Belo - município de Bombinhas permitiu o desenvolvimento de uma série de projetos integrados com a comunidade local e a formação de profissionais nos cursos de Engenharia Ambiental e Oceanografia, bem como do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Ambiental da Univali. O professor Marcus Polette possui graduação em Geografia e Oceanografia, mestrado e doutorado em Ecologia e Recursos Naturais. Atua nas áreas de gestão e governança costeira e planejamento regional e urbano.

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