James Alberti - Jornalista com a marca do Prêmio Esso


James Alberti queria ser político, mas descobriu no jornalismo seu papel transformador

"Ganhar o prêmio Esso de Jornalismo é como ganhar a Copa do Mundo", afirma o jornalista James Alberti, formado pela Univali e repórter da RPC TV, afiliada da Rede Globo do Paraná.

Até de ganhar o prêmio mais desejado da imprensa brasileira, James Alberti trilhou um vasto caminho. Em 1992, resolveu prestar o vestibular e cursar Jornalismo na Univali. Antes de realmente decidir pela profissão, prestou 14 vestibulares, e com 17 anos de idade entrou em uma universidade pela primeira vez, para frequentar o curso de Ciências Contábeis, no Paraná. A intenção de James era se formar em Contabilidade, cursar Direito e Economia para se tornar político. "Desisti rápido de tudo isso, não tinha o menor jeito para o lance de débito-crédito" lembra o jornalista.

James Luiz Alberti se formou em 1996 e fez parte da terceira turma de jornalismo da Univali, de Itajaí. "Naturalmente as coisas não eram tão fáceis como devem ser hoje. Nós vivemos a época da máquina de escrever", sintetiza. "Acho que isto já basta para dar uma ideia do todo." Ao recordar o período em que foi acadêmico de Comunicação Social, James diz que os professores eram ótimos e se esforçavam para compensar a falta de estrutura da época. "No entanto, o que ficou de melhor foram os amigos. Tenho grandes amizades que nasceram no tempo de universidade", relata.

​Um ano antes de se formar, James Alberti entrou no mercado de trabalho em um jornal da cidade de Brusque. Nos anos seguintes atuou como repórter no A Notícia, de Joinville e na Folha de Londrina, em Curitiba. "De certo modo eu concretizei um sonho, pois quando estudava na Univali eu sonhava em ser repórter especial do Folha de Londrina, um dos melhores jornais do Brasil na época", destaca. Após um tempo trabalhando no imprenso, James ingressou na televisão como produtor. "Nunca tinha trabalhado em TV e tinha a cabeça de um repórter de jornal", conta James, que atualmente acumula a experiência mais de uma década na TV afiliada da Rede Globo do Paraná.

​A vontade de atuar profissionalmente como político não passou de um querer que logo foi descartado. Talvez nunca imaginasse que na profissão de jornalista poderia fazer mais mudanças na política estadual e nacional do que se tivesse sido político. A partir de uma pesquisa árdua, que durou dois anos, com profissionais do Jornal Gazeta do Povo e da emissora RPC, ambos do Paraná, James e mais três profissionais, os jornalistas Carlos Kolhback, Katia Brembatti e Gabriel Tabatcheik, trabalharam na concretização das reportagens que levou o título "Diários Secretos".

"O trabalho mostrou que nomeações de funcionários fantasmas, laranjas e parentes permitiam o desvio de milhões de reais do orçamento de R$ 319 milhões da Assembleia [do Paraná]", explica James. "Essas movimentações irregulares ficaram escondidas em diários oficiais avulsos, que eram mantidos sob sigilo. Embora fossem públicos, ninguém conseguia ter acesso. Nós conseguimos mais de 750 diários oficiais e montamos um banco de dados. Com o material, pudemos fazer cruzamentos e chegamos aos desvios" descreve. "É importante destacar a participação de dezenas de jornalistas dos dois veículos, que se incorporaram ao trabalho depois que o banco de dados estava pronto".

Com a publicação da notícia, a população paranaense se mobilizou para pedir mudanças na casa legislativa do Estado. "Todo esse esforço acabou gerando um movimento contra a corrupção, com o nome 'O Paraná Que Queremos', organizado pela Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Paraná. Num único dia mais de 30 mil pessoas foram às ruas em 13 cidades do Estado pedindo mudanças", lembra o repórter da RPC TV. "E as mudanças aconteceram de fato", garante James. A série de reportagens com as denúncias levou à prisão de dezenas de pessoas envolvidas nos casos.

​O trabalho, realizado por profissionais com o faro e competência jornalística, que mudou a política do Paraná, também fez uma mudança na história de 54 anos do Prêmio Esso.  A reportagem do Jornal Gazeta do Povo e da emissora RPC foi a segunda, atrás do Jornal Diário do Commércio, de Pernambuco, a receber o prêmio Esso fora do eixo Rio-São Paulo-Brasília. "Diários Secretos" marcou a política e o jornalismo nacional entre mais de 1,2 reportagens escritas, avaliadas pela banca formada por vários jornalistas do país.

Para James Alberti: "jornalismo deve ter a alma forjada no interesse público. E não dá pra confundir com interesse do público, com os índices de audiência" destaca. E define que: "O jornalismo não pode ser aviltado, subjugado a outros interesses. Nada vale mais do que o interesse do cidadão". O egresso da Univali, ganhador do prêmio Esso, conclui: "A definição que mais gosto, e por consequência a mensagem que deixo, é de Pultizer: 'Jornalismo serve para consolar os aflitos e para afligir os consolados'. Então é isso, consolem quem precisa e aflijam quem merece".

​Publicado em Conexão Egresso, em 30.03.2011​

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