José Roberto Severino – Historiador


Na escola, ele não chegou a ser um aluno brilhante em História.  Na hora do vestibular, tinha mais certeza do que não gostaria de cursar. Mas a curiosidade, alguns livros e pessoas, acabaram levando José Roberto Severino, na época com 18 anos, a optar pela História. E ela o tornou um bem-sucedido professor, gestor e pesquisador na área.

Após desembarcar com a Marinha na cidade gaúcha de Rio Grande, Beto Severino, como é conhecido, chegou a iniciar a faculdade de História por lá, mas foi de volta a Itajaí, no final dos anos 1980, após outro vestibular, que entrou de vez no curso, concluído em 1991. Durante os anos da graduação, sempre foi um aluno ativo. Fez estágios e participou de vários projetos de extensão na universidade, principalmente os ligados a arqueologia, área que causou maior interesse na época.

Em 1993, concluiu a especialização em Tendências Atuais na Historiografia. Foi ela que norteou Beto para o que viria futuramente. Na especialização, os estudos culturais foram os que mais chamaram sua atenção. "E foi onde acabei me organizando na vida", conta. A especialização acabou dando origem à dissertação de mestrado e à tese de doutorado. Foi ali, também, que conheceu os professores que viriam se tornar seus orientadores.

Beto sempre foi um "aluno trabalhador". Desde os primeiros anos da graduação já dava aula em algumas escolas e trabalhava em qualquer emprego que surgisse. Foi durante a faculdade que montou também e Livraria Casa Aberta, em parceria com colegas do curso. "Era um jeito de sobreviver fazendo uma coisa legal", conta Beto, lembrando que o primeiro acervo da livraria foi todo solidário. Hoje a Casa Aberta é um dos sebos mais antigos e visitados de Santa Catarina.

 Após o término da especialização, surgiu a oportunidade de substituir uma professora do curso de História da Univali, que havia deixado à universidade. Como estavam tendo dificuldade em encontrar um professor apto a comandar a disciplina de Pré-História, Beto acabou sendo convidado para trabalhar como substituto, por já ter conhecimento na área, na época do estágio. Após um semestre ministrando a disciplina, comprometeu-se com os colegas a buscar um mestrado para continuar dando aulas na universidade.

Em 1997, concluiu o Mestrado em História. As pesquisas sobre as Festas Populares de Santa Catarina deram origem à dissertação mais tarde publicada pela Editora Univali. A partir dali, era hora de maturar uma ideia para seu próximo passo: o doutorado.

Dessa vez, o plano era ampliar o campo de estudo, e assim acabou chegando até a história dos imigrantes italianos no Vale do Itajaí. Foi para a Itália por meio de convênios com universidades do país e, ao visitar arquivos públicos italianos, acabou se interessando pelas campanhas publicitárias que eram feitas para os emigrantes e os documentos relacionados ao fluxo migratório.

A pesquisa foi desenvolvida de 1999 até 2004, época em que passou a dar aulas também nos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Univali, ministrando a disciplina de Realidade Brasileira, que acabou influenciando as pesquisas em temas ligados ao campo da cultura e formação de identidades culturais.

Após a obtenção do título de doutor, entre 2005 e 2008 foi superintendente da Fundação Genésio Miranda Lins, de Itajaí, que administra dois museus e o arquivo público da cidade. Lá, teve a oportunidade de atuar mais como gestor e menos como pesquisador.  "Como gestor, o papel era de implantar políticas, botar em prática boas ideias. Foi uma experiência muito interessante", lembra. Levou para a administração do órgão práticas que já utilizava em projetos de extensão da Univali, como capacitação de professores e criação de mecanismos de educação patrimonial dentro de museus.

Terminado o período como gestor, era hora de pôr em prática as ideias e experiências que se acumularam ao longo de sua carreira. Após longas pesquisas para encontrar uma universidade onde pudesse aplicar seus conhecimentos e explorar novos caminhos, acabou encontrando na Universidade Federal da Bahia (UFBA) a disciplina de Políticas da Comunicação e da Cultura.  Em 2009, prestou concurso e passou. No final do ano foi efetivado como professor na UFBA.

Acostumado com diferentes culturas por meio de suas pesquisas, Salvador acabou sendo um prato cheio. "Além dessa ideia mais genérica de cultura, a cidade é muito rica em manifestações. Possui circuitos de teatro, de cinema, musica. É um caldeirão, de tanta coisa que acontece".

Na universidade ele diz que as pesquisas de alunos são muito semelhantes as que ele orientava aqui e o ambiente de trabalho é tão agradável quanto. "Mas comparar é um pouco difícil, pois possuem dimensões diferentes". Beto inicialmente foi sozinho, mais tarde levou a família com ele. "Como todo batedor, fui na frente para ver se o terreno não era hostil", diverte-se.

Atualmente, além de ministrar a disciplina de Políticas da Comunicação e da Cultura na Faculdade de Comunicação da UFBA, Beto desenvolve pesquisas na área de Políticas Culturais e projetos de pesquisa e extensão com foco em cultura e identidade. Vem para Itajaí quando pode, e mesmo ficando pouco tempo na cidade, não abre mão de passar algumas horas de avental, trabalhando em sua livraria.

Publicado em Conexão Egresso, em 31.10.2011

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